Mercado externo é favorável às exportações de carne bovina brasileira
 
     
Por Arnaldo de Sousa

Na União Européia foram registrados mais de 2,3 milhões de bovinos, suínos e ovinos abatidos, nos primeiros quatro meses deste ano. Os governos dos países daquela região registraram mais de 1.500 casos de febre aftosa somente em bovinos, sem contar os casos de BSE (Encefapatia Espongiforme Bovina), conhecida como mal da vaca louca. Isso causa um panorama sombrio para a pecuária de corte daquela região do planeta. Coincidência ou não, a América do Sul, mais precisamente a Argentina, Paraguai, Uruguai e o extremo sul do


 
Rio Grande do Sul, no Brasil, também foram afetados pelo vírus da febre aftosa.
Os Estados Unidos, segundo informações da agência internacional Bloomberg News, proibiram o ingresso de carnes vindas do bloco europeu, composto por 15 países, que representam valor de US$ 278 milhões. Embora os líderes europeus afirmem que a doença foi contida, os EUA querem impedir o contágiode seu setor de pecuáriabovina e suína, que no ano 2000 vendeu US$ 51,6 bilhões.
Os prejuízos são incalculáveis tanto para produtores como para exportadores, sem contar os consumidores que já estão preferindo comer carnesde origem de



 
paísesque estejam livres das duas doenças. Outro fator importante é que carnes provenientes de bovinos de origem européia estão sendo descartadas e trocadas pelas carnes dos bovinos de raça indiana, como o gado Nelore.












 
 

0 Brasil ganha com essa catástrofe, que ocorreu com o gado europeu, argentino, paraguaio e uruguaio. Apesar de ter sido atingido apenas na região de fronteira, o país é a bola da vez na venda de animais livres de doença e que se alimentam a pasto. "Mais de 80% dos animais brasileiros são alimentados a pasto, ou seja, nossos animais têm uma alimentação saudável e ecológica, dentro dos padrões de qualidade exigidos pelos mercados europeus e asiáticos", afirma Alessandro Di Caprio, diretor do Núcleo de Zootecnia de Ribeirão Preto, que recentemente lançou um programa de qualidade bovina chamado Qualitas.
Atualmente, a Austrália encabeça a lista dos exportadores mundiais de carne, representando 15,7%, seguida dos Estados Unidos com 15 %. 0 Brasil, com 8%, assumiu recentemente a terceira posição no ranking, ultrapassando a União Européia, 6%. A previsão é de que sejam exportados, este ano, pelo Brasil, cerca de 800 mil toneladas de carne bovina. Esse volume representa cerca de US$ 1,2 billlão em receita.
Os especialistas afirmam que o país tem condições de ser o primeiro da lista dos exportadores mundiais em pouco





 
tempo."Quem vai fornecer os animais para preencher os campos da Europa, que foram dizimados pela aftosa e BSE (encéfalo esponjiforme bovina)? 0 Brasil, é claro", acredita o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, Rômulo Kardec.
A carne bovina "in natura" registrou um incremento de 40,5% nas exportações no mês de abril e as vendas chegaram a US$ 107 milhões, contra US$ 66 milhões no mesmo mês do ano passado. Até a segunda semana de maio do atual exercício, a média diária acumulada dos desembarques de carnes somou US$ 14,121 milhões (FOB), ante US$ 7,548 milhões registrados em igual período de 2000. Apesar do embargo à carne brasileira anunciado por cinco países, no período em função de novos focos de aftosa, a média diária acumulada das exportações do produto, na segunda semana de maio (7 a 13), registrou um salto de 87,1 % em relação ao mesmo período do ano passado.
Até o dia 19 de maio, fechamento desta reportagem, os prejuízos do setor de carne brasileira foram avaliados em R$ 300 milhões e a meta de exportação estimada pelo Ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, que era de exportar US$ 2,3 bilhões em carnes, foi





 


revista para US$ 2 bilhões. Esta previsão pode não ser confirmada, pois é só o governo brasileiro situar os países europeus, asiáticos e do oriente médio a respeito dos problemas com as doenças nos bovinos, ovinos, suínos e caprinos que a situação pode melhorar até o final do ano.
0 Brasil tem um caminho aberto para investir firme e pesado na criação de animais de origem zebuína como o nelore e outras raças puras de origem ou puras por cruzamento, inteiramente nacionais. "Temos tecnologia o bastante para fazê-lo em nosso país, sem importar nada. Os produtores brasileiros devem estar atentos a esse momento pelo qual a pecuária nacional está passando", afirma Márcio Mesquita Serva, reitor da Unimar.





 



 

 

 


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